Cerca de 97% da água de todo o planeta é representada pela água dos mares. No entanto, ela é imprópria para o consumo devido à alta concentração de cloreto de sódio, que pode levar os organismos à desidratação. Diante disso, uma forma de torná-la ideal para o consumo é por meio da dessalinização.
Dessalinização é um processo físico-químico utilizado para a obtenção de água potável, que remove o excesso de sais minerais, microrganismos e outras partículas sólidas da água salgada ou salobra.
Essa tecnologia está crescendo principalmente nas regiões áridas do mundo, em virtude da escassez, das mudanças climáticas, do desperdício, da poluição e da crescente demanda por água pelos municípios e setores produtivos.
Segundo um estudo de 2018 feito pela ONU, são quase 16.000 usinas de dessalinização em 177 países, que produzem um volume de água doce correspondente a cerca de metade do fluxo das Cataratas do Niágara.
Conforme a International Desalination Association (IDA), são abastecidas diariamente mais de 300 milhões de pessoas no mundo por meio da dessalinização, principalmente no Oriente Médio, Norte da África e no Caribe. Um dos maiores representantes dessa tecnologia é Israel, onde cerca de 80% da água potável é proveniente do mar.
No Brasil, o Programa Água Doce (PAD), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), investe no desenvolvimento de técnicas de dessalinização para oferecer água de qualidade para populações de baixa renda no semiárido. Atualmente, o PAD realiza a manutenção e o aproveitamento de dessalinizadores, atendendo o Nordeste e o norte de Minas Gerais, onde a disponibilidade hídrica é baixa e a salinidade das águas subterrâneas é alta.
Principais métodos de dessalinização
Destilação térmica: a água é aquecida por processos energéticos, a evaporação transforma a água de estado líquido para gasoso e as partículas sólidas ficam retidas, enquanto o vapor d’água é captado. Esse vapor d’água é submetido a baixas temperaturas e se condensa, retornando ao estado líquido. Resumidamente, a destilação térmica imita o ciclo natural da chuva.
Osmose térmica ou reversa: um sistema de bombeamento exerce maior pressão à encontrada na natureza, vencendo o sentido natural do fluxo. A água salgada ou salobra, meio mais concentrado, se desloca no sentido do meio menos concentrado. Uma membrana semipermeável permite apenas a passagem de líquidos e retém as partículas sólidas, dessalinizando a água. Em suma, a osmose reversa faz o processo inverso ao fenômeno da osmose natural.
Existem dois principais riscos ligados à técnica de dessalinização
Primeiramente, além do alto custo energético do processo, a dessalinização da água normalmente utiliza energia fóssil como fonte, que está associada à emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, mudanças climáticas e diminuição dos reservatórios dos recursos naturais.
Além disso, para cada litro de água potável produzido na dessalinização, são gerados cerca de 1,5 litros de líquido que contém cloro e cobre. Essa água residual é duas vezes mais salina que a água do oceano. Se não for devidamente diluída e tratada, pode formar uma salmoura tóxica que leva à degradação dos ecossistemas marinhos e costeiros. O aumento da salinidade gera uma diminuição na quantidade de oxigênio dissolvido na água e contribui para a formação de "zonas mortas", onde poucos animais conseguem viver.
Ajustes necessários
A dessalinização da água do mar é uma ótima tecnologia para expandir o abastecimento de água e sua disponibilidade por meio do ciclo hidrológico. Contudo, requer inovação no tratamento e descarte da água salgada, além da busca por fontes de energia mais apropriadas, como a solar, eólica, geotérmica e a técnica de recuperação da energia a partir das águas residuais. Também existem oportunidades econômicas associadas à salmoura, como o sal comercial e a recuperação de metais, por exemplo.
Portanto, a dessalinização da água do mar é uma tecnologia que tende a crescer cada vez mais, diante de todas as questões ambientais que o mundo vem enfrentando, representando uma opção considerável para o gerenciamento dos recursos hídricos e para solucionar a questão da escassez hídrica que ameaça nosso planeta.
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