As técnicas agroflorestais têm sido desenvolvidas e vêm sendo utilizadas há várias gerações, mas só recentemente têm despertado interesse como atividade científica. De um modo geral, os sistemas têm sido apontados como de grande relevância em contribuir para o desenvolvimento econômico de comunidades rurais, junto com a conservação do meio ambiente.
O modelo tradicional de cultivo intensivo muito simplificado, como no caso das monoculturas, traz grandes custos ambientais e sociais. No que se refere à questão ambiental, este modelo provoca perda da biodiversidade, degradação de solos, escassez de água e energia e contaminação tóxica que pode afetar o meio ambiente, trabalhadores e consumidores. Já em relação a questão social, a monocultura está associada à grande migração rural-urbana e à perda do meio de fomento de milhões de famílias. Sem considerar que a viabilidade econômica do modelo intensivo da agricultura tem sérias limitações.
Os sistemas agroflorestais (SAF’s), ou agroflorestas são caracterizados por apresentar formas de uso ou manejo do solo, combinando espécies arbóreas (frutíferas e/ou madeireiras) com com cultivos agrícolas e/ou criação de animais de forma simultânea ou em sequência temporal, oferecendo benefícios econômicos e ecológicos. Mas vale lembrar que os componentes arbóreos não necessariamente precisam ter o objetivo de produção, eles podem servir apenas como proteção, porém o ideal é que as árvores assumam usos múltiplos.
Um dos objetivos desse sistema é minimizar os custos de implantação e manutenção e tem como propósito o retorno antecipado de parte dos investimentos, o que em condições de monocultivo só ocorreria a longo prazo, no caso da produção de madeira. Com as agroflorestas a recuperação da fertilidade ocorre de forma mais natural e simplificada devido ao fornecimento de adubos verdes e também tem como grande vantagem o controle das ervas daninhas e redução no risco de perda de produção.
A coexistência de espécies numa mesma área melhora a utilização da água e dos nutrientes do solo, mas para aplicar um sistema de agrofloresta é necessário um grande conhecimento interdisciplinar de botânica, solos agrícolas, microfauna e microflora dos solos, funções ecofisiológica dos organismos que constituem os vários extratos, sucessão ecológica e também de fitossanidade. Sem deixar de lado o conhecimento prévio em agronomia e silvicultura, visto que é nesses dois ramos que se baseiam as agroflorestas.
Esses sistemas podem ser adotados tanto por pequenos como por médios e por grandes produtores. Normalmente, cada tipo de produtor emprega a tecnologia mais apropriada para atingir seu objetivo. O pequeno agricultor faz da agricultura migratória uma forma de recuperação da fertilidade do solo, deixando crescer a vegetação secundária por determinados anos até cortá-Ia novamente para plantar seus cultivos. Em geral, o médio produtor utiliza árvores de valor comercial para sombreamento de culturas tolerantes (café, cacau, etc.). O empresário florestal associa pecuária à atividade de reflorestamento como forma de minimizar os custos de manutenção dos povoamentos florestais.
Também existem algumas desvantagens nesse sistema, que com maior diversidade de espécies também aumentam as competições por água, luz e nutrientes, além disso a mecanização pode ser dificultada, sendo necessário maior mão-de-obra que dependendo da região pode ser escassa.
Existem algumas classificações para os SAF’s, entre eles podemos encontrar o agrossilvipastoril que é caracterizado por árvores associadas com cultivos agrícolas e atividade pecuária e seu correto manejo possibilita ao mesmo tempo a conservação ambiental, o aumento da produtividade agrícola, o conforto e a maior produção animal, além de melhor qualidade de vida, contribuindo para a fixação do homem no campo. São exemplos: jardins domésticos com animais, método “taungya” (plantio de espécies agrícolas nos primeiros anos dos povoamentos florestais) seguido de pastagem durante a fase de manutenção de florestas.
Também encontramos o modelo silviagrícola, que associa árvores com cultivos agrícolas anuais e/ou perenes. São exemplos: jardins domésticos, “taungya”, alley cropping (plantio de árvores em fileiras ou faixas e cultivo agrícola entre as fileiras ou faixas).
E por fim encontramos a classificação silvipastoril que possui árvores associadas com pecuária. Esta combinação potencializa a produção de madeira e de proteína animal. São exemplos: Banco de proteína (plantio de árvores em áreas de produção de proteína para corte ou pasto direto), árvores em pastagens naturais e/ou plantadas (para regeneração artificial ou natural de árvores em áreas de pastagens naturais ou artificiais), pasto em áreas reflorestadas.
É importante ressaltar que o modelo agroflorestal não é uma solução integral para a proteção da biodiversidade. Certamente, ele reduz os impactos das queimadas e dos agrotóxicos e visa reduzir os impactos do desmatamento. Mas, em escala regional, é necessário um sistema integrado de reservas florestais, tanto públicas (Parques e Reservas Biológicas) como particulares (em assentamentos e grandes fazendas).
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