Com o bombardeio a Hiroshima e Nagasaki completando 77 anos, decidimos mostrar como as fontes artificiais de radiação, quando não manejadas da forma correta, afetam o meio natural e a saúde humana.
No início dos anos cinquenta surgiu nos países desenvolvidos uma grande preocupação com os efeitos das radiações ionizantes. Esta preocupação teve sua origem na triste experiência das bombas de Hiroshima e Nagasaki como também na contaminação radioativa que ocorreu com o advento dos testes nucleares.
O UNSCEAR (United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomic Radiation) foi criado pela Assembléia Geral da ONU em 1955, com a finalidade de avaliar as doses, efeitos e riscos da radiação em escala mundial.
Um dos grandes problemas da contaminação nuclear, é que os níveis de radioatividade podem permanecer altos por décadas. Chama-se decaimento radioativo o processo pelo qual um isótopo radioativo, instável, perde energia espontaneamente e se transforma em átomo mais estável, não radioativo. Esse processo pode levar dias, como é o caso do iodo radioativo, ou décadas, no caso do césio radioativo. Apesar de ser eliminado em até 30 dias pelo corpo humano, o césio pode durar 60 anos no ambiente, até desaparecer completamente.
O processo de contaminação do meio ambiente acontece em cadeia. A partir do momento em que o solo é contaminado, toda a vegetação que nele crescer também será contaminada. Os animais que se alimentarem desta vegetação também sofrerão as consequências da radioatividade, muitas vezes desenvolvendo doenças e anomalias diversas. Trata-se, portanto, de uma forma de contaminação perversa e invisível. O solo não fica infértil, mas tudo o que nasce dele carrega consigo a radioatividade. Se levarmos em conta que a contaminação pode durar décadas, é fácil imaginar o nível de impacto ambiental e as consequências para a vida nas regiões afetadas.
Além do solo, a água contaminada também propaga a radioatividade por onde passa, afetando desde peixes até a vegetação de rios e mares, favorecendo uma série de desequilíbrios nos organismos que compõem estes ecossistemas.
EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIOATIVIDADE
A radiação pode provocar basicamente dois tipos de danos ao corpo, um deles é a destruição das células com o calor, e o outro consiste numa ionização e fragmentação(divisão) das células.
Os efeitos biológicos podem ocorrer após exposição do corpo inteiro ou de partes do corpo a doses de radiação não necessariamente muito altas. Por isso, o cuidado que se deve ter mesmo com níveis baixos de radiação, como no caso do radiodiagnóstico. Esses efeitos podem ser divididos em efeitos somáticos e hereditários.
A radiação ionizante é capaz de alterar o número de cargas de um átomo, mudando a forma como ele interage com outros átomos. Pode causar queimaduras na pele e, dentro do corpo, dependendo da quantidade e intensidade da dose, causar mutações genéticas e danos irreversíveis às células.
Grandes doses de radiação ionizante podem causar doença aguda reduzindo a produção de células sanguíneas e danificando o trato digestivo. Uma dose muito grande de radiação ionizante também pode danificar o coração e os vasos sanguíneos (sistema cardiovascular), o cérebro e a pele.
BRASIL: CASO CÉSIO 137
O acidente no estado de Goiás em setembro de 1987 aconteceu pelo manuseio indevido de um aparelho abandonado por uma clínica de radioterapia, dois jovens catadores de papel encontraram-o e o desmontaram com a intenção de vendê-lo a um ferro velho. Após a violação do equipamento, foram espalhados no meio ambiente fragmentos de Césio 137 na forma de pó azul brilhante, contaminando diversos locais. Oficialmente são apontadas apenas quatro mortes, mas a Associação de Vítimas do Césio 137 aponta 60 mortes e pelo menos 1,6 mil pessoas afetadas diretamente pela exposição ao material. Além disso, a descontaminação da região produziu 13.500 toneladas de lixo atômico, cujo dano para o meio ambiente é de 180 anos para decomposição.
fonte: PREFÁCIO (ufpa.br)
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