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  • Foto do escritorGeoAmbiental Jr.

Água virtual

A água virtual é um conceito que foi criado na década de 1990 pelo pesquisador britânico John Anthony Allan (apelidado de Tony Allan), e tem o objetivo de verificar o volume de água utilizado durante todo o processo de produção de qualquer bem ou produto, podendo então verificar quais são os impactos ambientais gerados pelos nossos hábitos e consumo, além de podermos comparar a eficiência dos processos produtivos, tanto das indústrias como da agricultura.


Tony recebeu o “Prêmio da Água de Estocolmo” em 2008 pelo desenvolvimento deste termo que estabelece uma crítica ao aumento do consumo da água na medida em que aumentamos a produção e o consumo.


Os cálculos relativos à água virtual são importantes para a verificação do impacto ambiental em termos hídricos de empresas, setores da economia e até mesmo de países. Esse impacto é também chamado de “pegada hídrica”, que leva em conta o volume de água usado nos processos econômicos, o total de habitantes, a água usada nos produtos importados e a que serviu para o exportados. Embora sejam importantes para a economia do país, essas atividades vêm gerando impactos significativos para o desenvolvimento regional. A quantidade cada vez maior de transposições de água de rios para cultivar grandes monoculturas causa, muitas vezes, déficit de água para comunidades que historicamente faziam uso daquela fonte.


O Brasil é um grande exportador de commodities, que são produtos que funcionam como matéria-prima, e são produzidos em grandes escalas devido a sua capacidade de ser estocado sem perder a qualidade, entre eles estão a soja, petróleo, suco de laranja congelado, carne bovina e o café. E esses produtos necessitam de muita água para serem produzidos, sendo assim, de acordo com dados da Unesco (2012), o Brasil é o quarto maior exportador de água virtual do mundo, enviando cerca de 112 trilhões de litros de água para o exterior.


Essa posição deve-se ao fenômeno global de escassez dos recurso hídricos, onde os países que sofrem mais com falta de água acabam importando mais água virtual, e o Brasil, por ter grande disponibilidade hídrica e territorial, se torna um grande exportador. Malta e Kuwait tem 92% e 90%, respectivamente, de água virtual importada em seus produtos.


Uma crítica sobre exportação da água é que os países compradores de commodities produzidas em solo brasileiro preservam praticamente toda sua água, enquanto, o agronegócio brasileiro, ao vender as commodities que utilizam a água em solo brasileiro, exporta indiretamente a água para os outros países. Este tema traz a tona o debate geopolítico da água.


A pecuária é a responsável pelo maior quantidade de água virtual, e isso pode ser identificado facilmente ao pensar em todo o processo de criação dos animais, onde para sua alimentação são utilizados vegetais e/ ou outros animais (que foram alimentados com vegetais), então são somados a água virtual da agricultura (que foi utilizada no crescimento do vegetal) e também a água utilizada para o consumo do animal (considerando ainda a eventual poluição dos rios e lençol freático com os rejeitos da produção).


Atualmente ninguém paga o preço total pelo consumo da água, o que seria um bom incentivo para a redução do consumo e da poluição, de acordo com Hoekstra. No Brasil a cobrança pela água na irrigação de plantações ocorre por meio de outorgas, que são disponibilizadas por órgãos gestores estaduais ou pela Agência Nacional de Águas, quando o recurso hídrico é de domínio da união.


De acordo com a engenheira ambiental, Mônica Porto, da Politécnica da USP, o controle dos recursos naturais se tornarão mais complexos no século XXI porque o uso se tornará mais competitivo e ainda diz que o Brasil ainda possui muita área para a expansão agrícola, sendo necessário um bom planejamento para as próximas décadas, com a intenção da irrigação ser sustentável.


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