A pesca está presente na humanidade desde a época do homem primitivo, que tinha como principal fonte de alimento os seres aquáticos como peixes e moluscos. Nessa época o homem ainda era nômade e a população presente no planeta ainda era bem reduzida, então o consumo existente poderia ser considerado sustentável, mesmo esse termo não existindo no período em destaque.
Porém, um bom tempo depois quando a sociedade já estava bem instaurada, surgiu o cristianismo, uma religião que considerava o peixe uma refeição nobre, com isso o consumo desse tipo de carne cresceu consideravelmente e foi iniciada então a pesca marítima, que lançavam embarcações ao mar com um único objetivo, capturar a maior quantidade de peixes possíveis.
Mas foi na década de 50 que a pesca começou a virar um problema ambiental, devido ao desenvolvimento de equipamentos e técnicas que passaram a permitir que os barcos localizassem os cardumes com precisão, sendo possível capturar esses animais em maiores quantidades em curto tempo, favorecendo a indústria pesqueira.
No Brasil, a partir da década de 60, o governo federal passou a investir na pesca empresarial, oferecendo incentivos fiscais e financiamentos para a compra de barcos e equipamentos, com isso foram criadas diversas empresas no litoral centro-sul do país, voltadas principalmente para a exportação de camarão e no estado do Ceará para a captura de lagostas.
Com esse incentivo, a produção pesqueira triplicou no país e em pouco tempo (na década de 90) o sistema já estava sobrecarregado. Atualmente o Ministério do Meio Ambiente, através da Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, contabiliza 98 espécies de peixes marinhos em risco de extinção.
O impacto ambiental causado pela redução drástica de uma população já pode ser sentido em vários lugares. Um exemplo é o EUA, onde o sumiço dos tubarões causou um aumento de 12 vezes no tamanho da população de arraias. Estima-se que a população mundial dos tubarões tenha sido reduzida a apenas 10% do que era no início da década de 1970. Mesmo assim, mais de 70 milhões de tubarões são capturados todo ano, principalmente para abastecer o mercado asiático de barbatanas. Desequilíbrios desse tipo geralmente provocam o colapso de outras populações gerando um processo de perda de biodiversidade em cadeia.
O modelo de pesca que causa a extinção de espécies ou um desequilíbrio considerável no ecossistema é chamado de “pesca predatória” e entre os principais tipos de pesca que causam esses problemas é possível encontrar a pesca com explosivos, pesca com uso de redes (que acabam capturando mais de uma espécie), pesca realizada em períodos proibidos, principalmente em épocas de reprodução de determinadas espécies, e também a pesca de animais que já estão sendo considerados em risco de extinção.
De acordo com a ONG WWF, se a pesca continuar no ritmo atual, é possível que as espécies pescadas desapareçam até o ano de 2048 visto que estamos retirando mais peixes dos mares do que os oceanos são capazes de suportar. Cerca de 53% de toda a pesca no mundo já está totalmente esgotada e 32% estão em fase de superexploração ou em recuperação do esgotamento.
Para reverter essa situação a primeira coisa a se fazer é comer menos peixes, ou pelo menos evitar espécies que estão mais ameaçadas. No Brasil, o caso do cação é o mais significativo. O termo cação é utilizado em peixarias e supermercados para identificar que a carne é de tubarão. O brasileiro é um dos maiores consumidores deste tipo de alimento no mundo e em grande parte das vezes o consumidor sequer sabe o que está comendo. Um estudo realizado pelo Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (UFPR) revela que 70% dos brasileiros não sabem que cação é tubarão.
Além do animal estar em risco de extinção, sua carne é uma das mais perigosas de se consumir, visto que na cadeia alimentar ele é um grande predador que passa por um processo de bioacumulação durante a sua vida, regulando o ecossistema enquanto se alimenta de animais doentes e até mortos. Assim, adquire metais pesados como mercúrio e arsênio que, consumidos em excesso, podem causar danos cerebrais.
Outra medida importante é dar preferência a produtos de maricultura e aquicultura, atividades que englobam a produção de uma ampla variedade de organismos aquáticos marinhos, desde vegetais como as algas, os invertebrados como os crustáceos e moluscos, até vertebrados como peixes e répteis, onde os animais são criados em áreas delimitadas e sua produção é, em geral, controlada e sustentável.
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